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Entrevista - Veronica Kraemer

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O post de hoje é uma entrevista com Veronica Kraemer, artista plástica. Uma das pessoas mais generosas que conheço. Ela edita o blog “Além da Rua Atelier”, onde mostra as atividades do seu atelier, de mesmo nome, onde ela cria e dá aulas. Espero que você goste!




Sempre morou em sampa?
Nasci em Sampa, mas fui morar em Campinas aos 8 anos, fato que nunca gostei, pois sempre amei São Paulo, a agitação, as pessoas, sempre conhecer gente nova que não se preocupa com nome e sobrenome, gente com menos ou nehum preconceito, gente de tudo que é jeito.  


Pensa em sair de sampa?
Nunca, nunquinha, só se for pra conhecer lugares novos, o que eu amo muito, viajar, mas sair daqui não. Consegui estar em um lugar aqui, o bairro da Vila Madalena, que é bem sossegado, especialmente onde estou. Tem gente que vem aqui e fala: nossa, aqui parece que estamos no interior!!! Assim, tenho a agitação que eu tanto amo, mas o sossego para criar e ser feliz, ficar em paz e em silêncio quando preciso, que é quase todos os dias. 


Qual a tua formação? Como foi essa escolha?
Sou psicóloga. Eu me vejo atuando em várias áreas nesta vida, não em apenas uma. Assim, escolhi prestar vestibular pra publicidade e arquitetura, Passei nos 2, escolhi publicidade e DETESTEI. Saí, fiz 1 ano de cursinho e pensei, que como gostava muito de lidar com pessoas a um nível mais subjetivo, ser psicóloga era uma boa escolha.
 


Chegou a trabalhar com psicologia?
Trabalhei bastante. Atendi, fiz aprimoramento por 2 anos com especialização em saúde mental e por mais 2 anos atuei como acompanhante terapêutica.




Como foi o primeiro contato com as artes?
Nossa, desde que eu era pequenina, minha mãe me colocava no cercadinho e dava revistinhas pra eu sossegar. Será que eu já era agitada?rsrsrsrrsrs


Na escola, o que eu mais gostava era das aulas de artes. Amaaaaaaaaaaaaaaava assistir o Daniel Azulay e fazia tudo que ele ensinava na TV. Fazia cartões de natal pra todo mundo e vendia bolsas feitas de papel. Depois, evoluí para pulseirinhas de linha, e fora isso, desenhava pras pessoas.


Já psicóloga, em meu aprimoramento, desenhava muito com meus pacientes para acalmá-los e mudar seu foco. Eles diziam que eu não era psicóloga, e sim pintora.



Qual a relação que você vê entre a Psicologia e as artes?
Acho que tem tudo a ver. Lidar com as pessoas, com o público, cuidar, escutar. Agora, com tantas alunas, vejo mais ligação ainda, se bem que muitas vezes elas é que são minhas psicólogas.rsrsrrsrsrsrs




Como foi essa transição da Psicologia para as Artes Plásticas?
Senta que lá vem história!!!


Tudo começou em 1999. Eu fazia acompanhamento terapêutico e meus pacientes foram internados ou mudaram. meu ex companheiro, músico, estava duro. A situação estava bem complicada, até que decidimos ir ao Ceasa e comprar uns vasos para pintar e vender na rua. Eu pulava no sofá de tanto entusiasmo. No dia seguinte, a sala de casa virou um micro atelier, cheia de vasos e tintas que haviam sobrado da pintura do apartamento. Até hoje me lembro do primeiro vasinho que pintei... era branco com florzinhas azuis, só que, como eu nunca havia pintado em vasos, fiz muitas flores e não acabava nunca...rsrsrsrsrsrs

No final de semana, fomos vender na rua, lá na Benedito Calixto, e até parece que alguém deixou a gente ficar... Daí passamos na casa de minha irmã e ela disse para eu não desanimar, porque ela havia sonhado que eu tinha vendido tudo. Procuramos e achamos uma esquina em Pinheiros, até hoje tem gente que lembra de mim de lá. Ficamos lá por 5 anos, mas a coisa cresceu tanto que alugamos uma casinha para fazer o Atelier, e depois uma loja, e assim foi. O nome “Além da Rua” vem disso, pois antes vendíamos apenas na rua, e fomos Além. 



Como aprendeu as técnicas que utiliza? Continua aprendendo técnicas novas?
Aprendi tudo vendo os outros fazerem. Acho que quando temos um dom, temos que aproveitá-lo, sabe?

Nos primeiros 5 anos eu pintava vasinhos e telinhas pequenas. Quando me separei e dividimos as lojas, comecei a querer aprender tudo que os outros faziam, pra nunca mais ter que depender de ninguém. Eu sofri tanto de amor que a única coisa que me fazia levantar e sair da cama era pensar: “Vou conseguir, vou aprender, vou superar!”. e assim fui aprendendo a cortar madeira, montar molduras. O que eu mais tinha medo era de pintar telas grandes, acredite se quiser. Mas acho que era porque era a especialidade do meu ex, e ele achava que sabia tudo e que eu só sabia pintar vasos. mas depois que ficamos amigos ele me deu aulas e hoje não tenho mais medo.

Agora, com minhas amigas blogueiras, tenho muito mais idéias e vou atrás para sempre aprender. Acredito que nunca devemos deixar de querer aprender, ir atrás e crescer. 




Qual a tua técnica preferida? Por que?
Pátina, porque deixa tudo lindo!!! E é muito simples de fazer. Amo cortar madeiras e criar objetos novos.


Qual foi o teu maior ganho na troca de carreiras ? Do que abriu mão?
Abri mão de garantias financeiras, mas ganhei felicidade. Não consigo me imaginar sem fazer artes e sem dar aulas!!!

É muito difícil viver de artes neste país. Não é “Eu quero vender”. É “EU TENHO QUE VENDER!!!”, pois as contas chegam pra todo mundo. Mas o que me alegra é que hoje em dia vejo mais pessoas dando valor à arte. Mas não é mole, não!!! Tem que acreditar!!!


Como é teu processo criativo ?
Pra mim, criar é  deixar tudo que você tem dentro aflorar, sem paradas, sem freios, sem medos. Criar é poder expressar o divino. É um êxtase. Como disse uma vez para um amigo, é como anjos soprando as nuvens.


De onde vem a inspiração? E, quando ela não vem e tem trabalho pra fazer, como é?
A inspiração vem da fé, de acreditar em você. É uma ligação do “eu” com o “eu superior”. Esta pergunta é muito interessante. Sou uma pessoa de altos e baixos, movida pela paixão. E isso me atrapalhava muito. Quando eu estava bem, era uma maravilha, mas quando estava mal, era O HORROR! Não conseguia fazer nada nem atender direito. Só fazia o que era preciso, encomendas e o que faltava no atelier.

Quando comecei a me espiritualizar e acreditar mais em mim, no ser humano, na busca pela paz e pela verdade, achei um equilíbrio que nunca pensei que fosse conseguir. Isto não faz muito tempo, não. Tudo bem que na TPM fica difícil, e tem dias que dá uma vontade de sumir, mas aí fico em silêncio, rezo, respiro fundo e sei que no outro dia estarei melhor.

Sobre isso da espiritualidade, é algo que eu sempre tive, mas que não sentia como parte de mim como sinto hoje. Era como falar da fé, mas não acreditar realmente, ou como as pessoas que oram somente quando precisam. Eu vivia no barulho, no tumulto, não conseguia ficar sozinha. Acho que na verdade eu tinha era medo. Eu achava normal sair todo dia, nunca ficar em casa sozinha, enfim... Só que isso começou a me fazer muito mal, percebi que muitas vezes, mesmo com muitas pessoas, estava sozinha, e sem fé. Eu procurava e não achava nada...

Um dia tive uma pequena crise de ansiedade, andando na rua, e fiquei muito impressionada. Comecei a questionar para onde a vida estava me levando, mas na verdade percebi que não era esta a questão, e sim para onde EU estava levando a minha vida. Foi um período muito difícil, me fechei, me tranquei, sofri, achei que ia ter estas crises todos os dias. Não conseguia contar pra ninguém, e sabia que somente eu poderia mudar o rumo de tudo. E foi o que eu fiz, dia após dia, passo a passo, cresci e amadureci em meses o que eu não quis a vida toda.

Eu gostava de ser irresponsável. Melhor dizendo, uma rebelde sem causa. Continuo rebelde, mas assumi a responsabilidade de meus atos, e hoje sinto a fé, o superior, em tudo que acontece. Sei que sou responsável por mim e pelos que me cercam, responsável pelo amor e felicidade que dedico a cada um deles. Esta fé, esta crença, agora fazem parte de mim. Eu sou!!! Será que deu pra me entender? Espiritualidade não tem a ver apenas com dizer que acreditamos em algo, mas com sermos parte deste todo, e agora  com mais responsabilidade conosco e com todos os seres humanos.

Outra coisa que me ajuda bastante é poder ajudar os outros, e isto aflorou com meu blog. Dá uma paz maior ainda, uma satisfação muito grande. O maior aprendizado, e este devo à minha querida mãe, é a diferença entre fazer as coisas, simplesmente, e fazer as coisas COM AMOR!!! O amor e a fé movem montanhas!!!  Tudo que é feito com amor dá certo. Amar ao outro, amar a si mesmo, amar a vida, amar o trabalho, amar tudo!!!

 

 
Pra saber mais sobre Veronica e sua obra, clique aqui


Tem dó e comennnnnnnnnnnnnta, vai !    

Beijo pra quem é de beijo !  
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